Postagens

Mostrando postagens de julho, 2015

A nave

A amiga da Fernanda tem um “sonho de consumo”. Um Honda Civic, aquele Honda Civic que ela viu na loja, 2014, automático, direção elétrica, motor 2.0, “uma nave”. 60 mil reais, e ela teria de assumir um financiamento de 11 mil. Dá até pena de comprar pra ficar dando “zigue-zague” por essa cidade cheia de buracos, diz ela. Mas o carro é lindo, tem apoio no meio para o braço, entre o banco – bancos todos em couro! – do motorista e do passageiro. Mas é um projeto para daqui a alguns anos, não agora, reconhece a amiga da Fernanda, antes de se despedir dando um tchau e um beijo para a “Fernandinha”, e explicando que precisa desligar para atender o “outro celular” que toca. Imediatamente, ela se levanta do banco que ocupa bem atrás de mim e sem desgrudar o telefone da orelha, dirige-se à porta de saída. Desce. Sem que eu e os demais passageiros do ônibus lotado escutemos o novo diálogo. Um tanto melhor. Provavelmente, ela repetiria ao novo interlocutor tudo que antes o ônibus inteiro já ouv