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Mostrando postagens de novembro, 2010

A lição de Hatoum

Posso até me tornar um bom jornalista se não gostar muito de ler, mas não terei o mesmo sucesso profissional se não gostar de escrever. Gostar de escrever é primordial para o bom jornalista. Passei a pensar nisso especialmente depois que assisti, na Feira do Livro do ano passado, a um "Encontros com o Professor", quando o Ruy Ostermann conversou com o escritor amazonense Milton Hatoum, que a certa altura do bate-papo surpreendeu a plateia com essa: – Espero que meus filhos não queiram ser escritores. Foi um choque para mim ouvir isso de um dos mais importantes autores brasileiros. Hatoum emendou, em seguida, justificando que é "muito difícil" ser escritor no Brasil, pelo pouco reconhecimento, por isso a sua expectativa para com os filhos. Penso que todo o jornalista é um escritor frustrado, à exceção daqueles que conseguem ser as duas coisas ao mesmo tempo, com igual talento, sem frustrações. Não entendei a colocação de Hatoum. Ou melhor, entendi, mas me permito dis

Em busca da felicidade

A felicidade é encontrada nas coisas singelas. Não precisamos escalar geleiras para alcançá-la. Basta termos a simplicidade que nos faz enxergá-la a nossos pés. Está na sexta-feira à tardinha, quando o pai busca os filhos na escola e percebe que o fim de semana se aproxima para ser desfrutado ao lado deles. Ou, no sentar na sacada para curtir minutos de ócio e reflexão, sem livros, MP3 ou celular. Está no olhar e contemplar. Apenas olhar e contemplar. Podemos saboreá-la na mordida no baguete, com queijo, tomate e maionese caindo pelos lados. No copo de água gelada que refresca o corpo e nos faz sentir vivos. Felicidade é ter os ouvidos massageados pela voz de Rachael Yamagata. Ou Norah Jones. Está nas letras, que juntas formam palavras, e nos fazem sonhar. Está no sonho, que nos faz despertar com um sorriso. O homem é um ser complexo, é por isso que complica a busca por sua felicidade. Ela pode estar aqui, quase imperceptível. Basta olhar para o lado.

Vencedor e derrotado

Se engana quem pensa que o grande vencedor da eleição presidencial foi a Dilma e o perdedor, o Serra. Na verdade, a maior das derrotas desta eleição foi a da imprensa - boa parte dela -, que assumiu a candidatura de Serra a ponto de virar o fio, apresentando a Dilma como Satanás. É preciso uma grande reflexão da imprensa sobre sua perda de credibilidade. É tanto denuncismo, tanta notícia infundada, que o povo deixou de acreditar e considerar essa "onda de sujeira". Há muito de exagero no modo como a imprensa age. Parece que o governo Lula só se caracteriza pela sujeira e pela corrupção. Como o eleitor está consumindo mais, comendo mais e vivendo um pouco melhor, ele consegue "separar", e filtar o que lê, vê e ouve. Há corrupção, claro que há, mas a solução para corrupção é combatê-la e puni-la. A internet foi a vencedora porque foi ela quem nos permitiu fazer o contraponto que a grande imprensa não permitia. Se ela existisse em 1989, talvez o país não tivesse entrad