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Mostrando postagens de agosto, 2010

A vida é bela

Estava eu lá plantado, feito um 2 de paus, de madrugada, na esquina da João Pessoa com a República. À minha volta, colorados enlouquecidos comemoravam o bi da Libertadores nas calçadas, agitavam bandeiras, berravam e cantavam. Carros buzinavam com os caronas meio corpo para fora da janela. Foram minutos difíceis, quase uma tortura. Não, uma verdadeira tortura. Esperava pela Manoela e a Simone, que vinham a pé com meus pais de uma pizzaria próxima, onde assistiram ao jogo final. O ponto de encontro era justamente ali, estratégico, naquela esquina, um pouco mais distante da rua onde o congestionamento impedia qualquer deslocamento. Não resisti ao vê-la. Até o meu mau humor sucumbiu àquela imagem. Em minha direção, bracinhos abertos, vinha correndo a Manô, sorridente, toca vermelha e branca, feliz aos oito anos com o segundo título sul-americano que acabara de presenciar de seu time. Curvei-me, respeitosa e afetuosamente, como devemos nos curvar solenemente aos campeões, para beijá-la. Um

Mensagem para minha filha

Acho que vale a pena repetir esta carta, que escrevi para a Manô, no dia Dia dos Pais de 2009. Agora, acredito que ela já pode ler e entender melhor Manoela, minha filha amada: Neste Dia dos Pais, quero te dar parabéns. És tu que o merece. Desde o momento em que expressaste o teu primeiro som, naquele 31 de outubro de 2001, te tornaste protagonista. O personagem principal de uma obra que, se eu não a vivesse contigo, juraria tratar-se de ficção. Mal te aproximas dos nove anos de vida, Manoela, mas é incrível o teu poder. O poder de transformar, que vem desde quando deste o teu primeiro berro nos braços da obstetra, já reivindicando a atenção do mundo e de teu feliz e aflito pai de primeira viagem. Pai que, seguramente, é outro homem desde então. Aí está o teu primeiro mérito. A capacidade de, mesmo tão frágil e indefesa, quebrar as resistências de um cara já maduro, que se julgava devidamente vacinado contras as armadilhas que nos prega o coração. Mas que, surpreendido, se deixa vencer

Bárbaries são bárbaries. No Irã ou nos EUA

Sakineh Mohammadi Ashtiani tem 43 anos e está prestes a morrer no Irã. No mês passado, Ronnie Lee Gardner, 49 anos, morreu após ser condenado nos Estados Unidos. A diferença está no método, mas a bárbarie é a mesma. Sakineh foi condenada a morrer apedrejada, acusada de adultério, e julgada pelo tribunal teocrático do seu país. Gardner, por fuzilamento (o método, ao menos, ele teve o direito de escolher), por ter assassinado um advogado em Utah. Foi julgado por um tribunal oficial, dentro das leis do Ocidente. O mundo se levantou de indignação – não sem razão – em defesa de Sakineh. O presidente Lula até implorou clemência ao presidente do Irã e chegou oferecer abrigo a ela no Brasil. Ahmadinejad agradeceu educadamente o interesse, mas recusou. Disse que problemas desse tipo devem ser resolvidos internamente, no Irã. Para Gardner, o mundo não levantou a voz em defesa (talvez o tenham feito familiares e uns poucos amigos) pedindo clemência. A diferença é que ao Ocidente a morte de Gardne

Última chamada

Sabem por que os vôos atrasam tanto pra decolar? É que todos os passageiros deixam para entrar na aeronave na "última chamada". Por que não na primeira?