A lição de Hatoum

Posso até me tornar um bom jornalista se não gostar muito de ler, mas não terei o mesmo sucesso profissional se não gostar de escrever. Gostar de escrever é primordial para o bom jornalista. Passei a pensar nisso especialmente depois que assisti, na Feira do Livro do ano passado, a um "Encontros com o Professor", quando o Ruy Ostermann conversou com o escritor amazonense Milton Hatoum, que a certa altura do bate-papo surpreendeu a plateia com essa:
– Espero que meus filhos não queiram ser escritores.
Foi um choque para mim ouvir isso de um dos mais importantes autores brasileiros. Hatoum emendou, em seguida, justificando que é "muito difícil" ser escritor no Brasil, pelo pouco reconhecimento, por isso a sua expectativa para com os filhos. Penso que todo o jornalista é um escritor frustrado, à exceção daqueles que conseguem ser as duas coisas ao mesmo tempo, com igual talento, sem frustrações. Não entendei a colocação de Hatoum. Ou melhor, entendi, mas me permito discordar totalmente em gênero, número e grau. Eu, pelo menos, com mais de 20 anos na profissão, adoraria poder sobreviver apenas vendendo os textos que produzo. Como tem a felicidade de conseguir o Hatoum, este ingrato.

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