Sem direito de se omitir
"Nós não nos omitimos", disse um sereno João Carlos Bona Garcia diante da plateia, na sua maioria composta por jovens estudantes que lotavam o auditório da Faculdade de Comunicação da PUCRS, na noite de terça-feira. Estudantes que ainda nem eram nascidos quando Bona Garcia atuava como militante, apanhava e era torturado nos porões escuros da ditadura. E que só conheceram o golpe militar e as consequências do terror que se sucedeu no Brasil, por meio de leituras e documentos. Ou pelos relatos de quem viveu aqueles 21 anos terríveis, caso deste passofundense, economista, advogado e ex-juiz do Tribunal Militar (sim, acreditem), que literalmente sentiu na pele os horrores de um regime imposto à força pelos militares. Nasci em 1964, e cresci alienado. Quase nada conversávamos em casa sobre o golpe e os governos militares. Talvez tenha sido a forma encontrada por meus pais para proteger seus 4 filhos, afinal, vivíamos sob um regime de terror. Quanto menos soubéssemos, mel...