A vida é bela
Estava eu lá plantado, feito um 2 de paus, de madrugada, na esquina da João Pessoa com a República. À minha volta, colorados enlouquecidos comemoravam o bi da Libertadores nas calçadas, agitavam bandeiras, berravam e cantavam. Carros buzinavam com os caronas meio corpo para fora da janela. Foram minutos difíceis, quase uma tortura. Não, uma verdadeira tortura. Esperava pela Manoela e a Simone, que vinham a pé com meus pais de uma pizzaria próxima, onde assistiram ao jogo final. O ponto de encontro era justamente ali, estratégico, naquela esquina, um pouco mais distante da rua onde o congestionamento impedia qualquer deslocamento. Não resisti ao vê-la. Até o meu mau humor sucumbiu àquela imagem. Em minha direção, bracinhos abertos, vinha correndo a Manô, sorridente, toca vermelha e branca, feliz aos oito anos com o segundo título sul-americano que acabara de presenciar de seu time. Curvei-me, respeitosa e afetuosamente, como devemos nos curvar solenemente aos campeões, para beijá-la. Um...