Bárbaries são bárbaries. No Irã ou nos EUA

Sakineh Mohammadi Ashtiani tem 43 anos e está prestes a morrer no Irã. No mês passado, Ronnie Lee Gardner, 49 anos, morreu após ser condenado nos Estados Unidos. A diferença está no método, mas a bárbarie é a mesma. Sakineh foi condenada a morrer apedrejada, acusada de adultério, e julgada pelo tribunal teocrático do seu país. Gardner, por fuzilamento (o método, ao menos, ele teve o direito de escolher), por ter assassinado um advogado em Utah. Foi julgado por um tribunal oficial, dentro das leis do Ocidente.
O mundo se levantou de indignação – não sem razão – em defesa de Sakineh. O presidente Lula até implorou clemência ao presidente do Irã e chegou oferecer abrigo a ela no Brasil. Ahmadinejad agradeceu educadamente o interesse, mas recusou. Disse que problemas desse tipo devem ser resolvidos internamente, no Irã. Para Gardner, o mundo não levantou a voz em defesa (talvez o tenham feito familiares e uns poucos amigos) pedindo clemência. A diferença é que ao Ocidente a morte de Gardner parece "justa" e "clean", afinal, ele é um assassino, e foi julgado dentro da lei, diferentemente da covardia, do método medieval e por motivo futil que levaram à condenação da mulher iraniana. Há o agravante, claro, de se tratar de uma punição no país de Ahmadinejad, o presidente tirano. Ao contrário da democracia dos EUA, um país-modelo para muitos.
A verdade, é que nos dois casos, as punições são inaceitáveis. Nenhuma pena de morte se justifica. Neste caso, Irã e Estados Unidos se igualam.

Comentários

Luciano disse…
Também sou contra pena de morte - mas a favor de algum castigo. O que me causa desconforto é justamente as diferenças do crime: adultério e assassinato. Na lei do "olho por olho", a mulher deveria, então, ser traída, não?

Mas a lei lá e dos homens - do sexo masculino mesmo, não da raça humana. Eles tem mais direitos, parece, e o caso dessa mulher só aumenta essa minha certeza.

Quanto ao assassino, mesmo ele acho que não merece a morte. Há penas mais duras, severas, que poderiam fazer com que ele passasse anos remoendo em cárcere o crime que cometeu. Aliás, nem sei se isso não seria mais cruel...

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