O anão zangado

Nuca simpatizei muito com o Dunga. Não me agrada o estilo truculento dele e a maneira com que trata os jornalistas, como se todos fossem um bando de incapazes que só estão na coletiva pra torrar a paciência do gênio que treina a seleção. E, como jogador, sempre o considerei um volante "médio", ao estilo de muitos dos jogadores que hoje ele convoca pra sua seleção brasileira. Limitado como atleta, acabava sempre se impondo mais pela vontade e a personalidade forte. Os episódios recentes dele na briga com a Globo durante a Copa do Mundo na África só demonstram que hoje, do lado de dentro da casamata, ele aplica a mesma lição que considerou vitoriosa nos gramados, como o capitão do tetra que foi na Copa dos EUA, em 1994.
Quem não se lembra da bronca no Bebeto, aos gestos e aos gritos, via satélite para todo o mundo, durante uma partida daquela Copa? A maneira desrespeitosa como ele tratava outras pessoas, inclusive colegas de time, com a justificativa de que era necessário para "dar uma sacudida" é a mesma que ele utiliza hoje, em suas entrevistas coletivas com (ou seria contra?) a imprensa brasileira. O que lhe dá o direito de proferir um palavrão contra um jornalista durante uma entrevista coletiva? Mesmo se este jornalista o tivesse desrespeitado, o que parece não ter sido o caso, ele não tem este direito. Dunga é um homem público, muito bem remunerado, e na sua remuneração está incluído o "adicional de absorção de malas e pressões" que um técnico da mais respeitada seleção do futebol mundial precisa aguentar. Dunga não tem estrutura, nem postura, para ser o técnico que a seleção brasileira precisa e merece. Parreira sempre foi criticado pela imprensa, mas mesmo assim suportou a pressão e agiu como o gentleman que é. Deu a volta por cima e terminou consagrado em 1994, comandando inclusive o Dunga. Aliás, o Dunga poderia aproveitar sua passagem pela África do Sul e se encontrar com o Parreira, para que este lhe ensine como deve agir e se comportar um treinador de seleção brasileira.
Por fim, mais uma observação: as pessoas, claro, tem todo o direito de estar do lado do Dunga, e muitas estão, a julgar pelas manifestações que escuto e leio aqui e ali. Mas não podemos confundir : uma coisa é estar ao lado do Dunga, outra é estar contra a Globo. São coisas diferentes. No meu ponto de vista, o confronto Globo x Dunga é um bang-bang sem mocinhos. Acho bom a gente se esconder antes que seja atingido por alguma bala perdida.

Comentários

Luciano disse…
Lendo teu bem elaborado texto, meu amigo, te pergunto:

achas que o Mano também figurará "Um dia de fúria" em 2014?

Alapucha tchê!!

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