Encarando a velhice

O que pode haver de bom na velhice? Essa pergunta martelou na minha cabeça durante toda essa terça-feira, dois dias antes de eu completar 56 anos, e vem me acompanhando já faz um bom tempo. “Que, Renato, vai dizer que tu está te achando velho aos 56 anos?” Não, não estou me achando velho, mas sei que, por mais contrassenso que pareça, quanto mais o tempo passa mais a velhice mostra fôlego, boa forma e está próxima de me alcançar, a passos firmes e velozmente. Não adianta eu tentar escapar. Tenho buscado a resposta para esta pergunta desde que entrei pela primeira vez no consultório da terapeuta, sentei e disse antes de qualquer coisa: - Estou aqui para que tu me ajude a encarar a velhice. Aposto que que minha terapeuta tem a resposta para isso, mas não vai me dizer, claro. Como toda a terapeuta, vai deixar para que eu encontre por conta própria. Poderia perguntar para as pessoas idosas com quem convivo. “Afinal, o que há de bom na velhice”? Sei que todas terão boas respostas a me dar, mas será a opinião delas, na visão delas. Se houver realmente algo de bom, prefiro descobrir, sem fórmulas prontas. Aliás, é impressionante como a cada sessão de terapía saio com mais dúvidas do que respostas. Mas acho que uma das respostas para esta minha inquietação eu já tenho. O bom da velhice é podermos olhar para o passado e vermos tudo de bom que fizemos, o legado que deixamos. Por mais medíocres que possamos ser, algo de bom terá restado. Até homens maus deixam algo de bom, nem que seja o exemplo de como não devemos proceder como ser humano. Outra vantagem da velhice é a de não precisarmos nos preocupar com o futuro. Nunca mais. O futuro já chegou.

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