A Porto Alegre que me faz feliz

Ao escutar o primeiro silvo, logo transformado em um choro agradável da recém-nascida que me fez sorrir, lembrei de tudo que aqui vivi. A descoberta, fascinado, na Escola Estadual Imperatriz Leopoldina, das letras unidas, a rabiscar as primeiras palavras. O ato inicial de minha independência, ao começar a pedalar “sem as rodinhas”, com um aflito pai a correr atrás de mim na Praça Tamandaré. A libertação tornada definitiva, anos depois, ao descer sozinho de bici a lomba da Ramiro, em direção à Cristóvão, só com o vento a tentar me segurar.
Naquele instante tão especial, recordei das festas no Veleiros. À beira do Guaíba, uma nova e envolvente forma de sentimento, a paixão, se revelava para o jovem conquistador. Voltaram à memória as caminhadas no Parcão, de mãos dadas, em domingos ensolarados, os shows no Araújo, as festas no campus. A Redenção, que deixa a cidade ainda mais bela no outono. Como estava em uma luminosa tarde na qual meus olhos encontraram os da mulher que, percebi em seguida, seria a escolhida para viver ao meu lado para sempre.
No seu despertar para o mundo, pedindo atenção, minha filha me fez amar ainda mais esta generosa e acolhedora vovó de 240 anos, onde hoje vejo a criança crescer tão feliz quanto eu. Obrigado, Porto Alegre.

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