"À P... QUE OS PARIU", pobre Brasil
Na entrevista que deu pra Carta Capital na semana passada, o candidato do PDT à
presidência da República, Ciro Gomes, bem ao seu estilo, mandou os "lulopetistas
fanáticos" à "puta que os pariu". Tá lá, entre o 39° e o 41° minuto. Se quiser,
vai lá no YouTube pra confirmar. Se o lulopetismo fanático, como todo fanatismo,
é nocivo, convém ressaltar que boa parte da entrevista o Ciro passou dando pau
no Lula e no PT, não só nos "lulopetistas fanáticos". Feita essa introdução, pra
mim fica cada vez mais claro. Ciro, que tem como projeto pessoal ser um dia
presidente da República (e se isso não ocorrer eu imagino ele ao final da vida,
num manicômio, com uma camisa-de-força, sendo carregado esperneando gritando
contra o PT, às vezes parece um bolsonarista repetindo o tempo todo "mas e o
Lula, mas e o PT"?), já definiu como estratégia se deslocar totalmente do PT.
Ele faz uma aposta. É uma aposta arriscada, mas é uma aposta. Ser visto como
opção interessante, a única, contra a extrema-direita, e pra isso o voto da
classe média (sempre ela) que escolheu em 2018 Bolsonaro por ser antipetista, ou
mesmo daquela que só votou no Haddad pra evitar a ascensão do Bolsonaro, vale
mais do que tentar angariar simpatia entre os petistas. Feito os cálculos,
parece ser isso. Claro que ele conta também com os votos de petistas que, apesar
dos ataques dele ao partido e ao Lula, topariam votar nele em um eventual
segundo turno sem o PT. Portanto, dá pra dizer desde já que essa "unidade das
esquerdas" é praticamente impossível daqui a dois anos. Tomara esteja eu
enganado. No lado petista, que isolou Ciro em 2018 ao implodir um acordo dele
com o PSB, o discurso contra o candidato do PDT recai na sua origem política, em
partidos de direita, as trocas constantes de partidos, e ao fato de ter se
exilado em Paris durante o segundo turno nas últimas eleições, após receber mais
de 13,3 milhões de votos, não expressando apoio e nem trabalhado por Haddad
contra Bolsonaro. Atitude típica de um guri que é convocado pela turma pra um
jogo de futebol e, ao chegar no campo, tendo 15 candidatos às 11 vagas entre os
titulares, é deixado pelo capitão do time na reserva porque a sua posição foi
ocupada por outro jogador, saliente-se, superior e em melhores condições do que
ele. Faz beicinho, senta um tempo no banco, se levanta e vai embora contrariado,
preferindo ir pra casa jogar o videogame da FIFA. Enquanto os progressistas
brigam entre si, Bolsonaro agradece.
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