Terrorismo de Estado

Neste ano de eleições, muito se debaterá sobre terrorismo, e muito será lembrado a respeito dos terroristas do pós-golpe de 64. Especialmente porque a candidata da situação, a Dilma Rousseff, é uma ex-militante (ou seria terrorista?) que participou de um grupo armado que na época sequestrou inimigos da causa que este grupo defendia. A oposição deve estar reunindo dossiê farto sobre isso. Mas pouco se debaterá, seguramente, sobre o pior dos terrorismos, o terrorismo de Estado, que desencadeou a reação de outros terroristas, alguns armados em grupos, contra a ditadura militar.
No domingo, eu estava lendo o artigo do lúcido jornalista Flávio Tavares (que, aliás, foi preso sem julgamento e torturado nos porões da ditadura dos milicos brasileiros). "A simulação e a mentira são as armas prediletas dos tiranos", diz ele. Com Hitler, eleito pelo voto direto na Alemanha nazista, o terror foi legalizado, lembra Tavares.
A diferença para a ditadura brasileira, penso eu, é que, no nosso caso, o Estado terrorista foi implantado sem sequer ter sido eleito. Foi na marra mesmo, em um golpe militar apoiado pelos EUA. Se é que existe isso, o terror de Adolf Hitler foi , ao menos, "mais legítimo" do que aquele que os militares impuseram ao nosso país. Mas Hitler matou muito mais gente, por isso foi muito mais bárbaro e cruel. As táticas de ambos, porém, foram semelhantes e, por isso, devem ser repudiadas com a mesma ênfase. Os dois elegeram seus inimigos, os colocaram presos e acabaram com suas vidas. Impuseram-se pelo medo que provocavam e pela propaganda enganosa. Eram comandados por lunáticos, no caso da Alemanha, por um único, no caso do Brasil, por vários que se revezaram no poder. Por isso, não entendo por que as pessoas se levantam contra a possibilidade de abrirem os arquivos da ditadura. O Brasil precisa conhecer e julgar quem foram seus assassinos. Os dos grupos armados, já foram julgados pelos militares, que os torturaram e os mataram, deixando filhos órfãos e famílias sem respostas. Falta, agora, julgar seus algozes.

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