A ameaça
Já tranquilizei a Simone (ou intranquilizei, depende do ponto de vista do leitor), esta santa que me atura há vinte anos. Só duas mulheres neste planeta de bilhões poderiam representar uma ameaça a ela. Aquelas que, ligando pra minha casa, ou simplesmente me mandando um torpedo com três palavras, me fariam abandonar a família, sair porta afora sem dar explicação ou olhar para trás e me jogar nos seus braços. Algo assim, uma senha do tipo "venha, te espero", acionaria um chip no meu cérebro, semelhante àquele que tira completamente a lucidez de qualquer ser humano do sexo feminino quando ouve a palavra "sapato". Pela reação da Simone, posso concluir o seguinte: ou ela confia demais no taco dela, ou tá louca pra se livrar de mim, porque não demonstrou nenhuma preocupação com a possibilidade de ver o marido largar o lar para virar escravo da Catherine Zeta-Jones, ou da Angelina Jolie. Qualquer uma delas que me quiser possuir, tô topando. A Simone teria que me desculpar, mas valeria o risco de trocar duas décadas de uma relação harmoniosa e feliz pela Cath ou a Angie. Sei que ela entenderia. Também já disse para ela que aceitaria ser descartado se o meu rival fose o Chico Buarque. Mas só se fosse o Chico. Aí, a concorrência seria desleal.
Mas agora me ocorre uma coisa: e se as duas decidirem me ligar ao mesmo tempo, qual escolher? A morena de olho escuro ou a loira de olho claro? Pronto, complicou. Até quando terei que viver com esta aflição?
Mas agora me ocorre uma coisa: e se as duas decidirem me ligar ao mesmo tempo, qual escolher? A morena de olho escuro ou a loira de olho claro? Pronto, complicou. Até quando terei que viver com esta aflição?
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