Sobre ídolos e mortes

O que James Dean e Michael Jackson tinham em comum e de diferente? De comum, o óbvio: ambos foram ídolos, em épocas distintas, mas ídolos de gerações. De ídolos, viraram mitos.
De diferente, eles tiveram quase tudo. O rebelde Dean partiu jovem, bonito, no auge, aos 24 anos, ao se arrebentar com seu Porsche em uma estrada da Califórnia. Morreu como viveu. Loucamente. Procurou a morte.
O frágil e inseguro Jackson passou pela vida com medo, tentando fugir da morte. Viveu o dobro de anos de Dean, mas ao contrário deste, que se arriscava demais e se expunha demais, em pleno sucesso preferiu a reclusão, talvez achando que, com ela, estaria seguro. Fechado em casa, assistido por médico e entupido de remédios, não conseguiu impedir que a morte o alcançasse. Brilhou por quase três décadas, teve amigos, fãs aos milhões, três filhos e duas mulheres. Mas morreu só e decadente.
A imagem que ficará para sempre de Dean, em seus pouco anos de vida e de astro de cinema, é do jovem rebelde, olhos claros e cabelos desgrenhados. Todos se lembrarão de um Dean bonitão e no auge: boas lembranças e ótimas imagens. E Marilyn Monroe, como será que as pessoas a veriam agora, se ela não tivesse morrido aos 36 anos? Só temos imagens para a posteridade de uma Marilyn linda e atraente. Talvez tenha tomado os barbitúricos por saber que seria incapaz de se ver decadente. Se poupou do choque.
De Jackson, a lembrança que ficará, além do cantor talentoso e de sucesso, é também a do homem em permanente conflito consigo mesmo, dependente de remédios, triste, endividado e fisicamente destruído. Fã de Elvis Presley que sou, preferia que ele tivesse vivido ainda menos, embora também tenha partido cedo, aos 42 anos. Só assim não seria obrigado a vê-lo se destruir e morrer inchado e viciado.
Para parte de nossos ídolos, aí está a vantagem de morrerem precocemente. O que você prefere?

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