A tese

Certa vez, em uma mesa de bar, um amigo daqueles que sempre tem uma tese acerca do gênero feminino, largou essa:
- Existem dois tipos de mulheres: as feitas para casar e as feitas para se divertir.
Levei em conta o fato de já estarmos bebendo há mais de duas horas, mas segui dando corda:
- E qual os atributos que incluem uma mulher em um ou outro desses grupos? - perguntei.
- Para casar, inteligência e beleza. Para se divertir, apenas beleza é suficiente - respondeu ele, dando um gole na cerveja e deixando aparecer um discreto sorriso no canto da boca, daqueles como se pensasse "como sou brilhante".
- E o que dizer, então, das que tiveram o azar de não ter nenhuma dessas virtudes? Ou que possuem apenas a inteligência?
- Essas, servem somente para integrar as estatísticas de população mundial, por exemplo, ou para pesquisas sobre eleitoras femininas. Coisas deste tipo - continuou ele.
Preferi não insistir, para que ele não seguisse com suas teorias e seu ar de superioridade. Algumas vezes, meu amigo se tornava chato ao repetir ideias boa parte delas rasas e lançadas somente para provocar polêmicas. Nem argumentei que muitas mulheres, apenas inteligentes, servem para muito mais do que engordar estatísticas: são pesquisadoras, cientistas, professoras, voluntárias de ONGs, artistas.
E lembrei do meu casamento, o que põe por terra a teoria do meu amigo: há mais de uma década, vivo com a Simone, uma mulher bonita e inteligente, e com a qual também me divirto - e sempre me diverti - muito. Bom, é melhor pedir outra cerveja. Só assim para continuar aguentando o papo do meu amigo.

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