Opostos que se atraem

Eliete era a "parte macho" do casal, costumavam brincar os amigos. Quando no restaurante, o pedido com alguma frequência era de uma cerveja e um refrigerante para acompanhar o prato. O garçom não tinha dúvidas: ao servir, colocava a cerveja na mesa diante do Roger e o refrigerante na frente da Eliete. Ato contínuo ele, meio constrangido, indicava para que o garçom fizesse a troca:
– O refrigerante é para mim – dizia o marido. Depois de sucessivas repetições da cena em diferentes restaurantes, parou de avisar. Preferia que o garçom se retirasse para só então ele mesmo fazer a troca.
Nas refeições, também ela costumava pedir os pratos mais apimentados ou calientes: pizza de calabresa, carne com chilly. Para ele, cebolinha na manteiga, ou filé ao molho de queijo. Champanha, para Eliete, era brut. Para Roger, demi sec. O mesmo com o vinho: seco para um, suave para outro.
Vai ver por isso se davam tão bem. Os opostos se atraem, dizem. Eliete torcia para o Inter, Roger, para o Grêmio. Em festas, ela se tocava com as amigas para a pista de dança, enquanto ele observava da mesa. Com tantas diferenças, e apesar destas diferenças, pelo menos em uma coisa ambos concordavam: não podiam viver um sem o outro.
E como a comprovar isso, lá se tocavam eles a mais um restaurante, para jantar juntos. Alguma polêmica na hora da escolha: comida japonesa e peixe cru, as preferidas de Eliete, ou churrascaria e picanha bem passada, as prediletas de Roger? Nada que um pouco de diálogo não resolvesse rapidamente. O perdedor, ao menos, teria o direito de escolher o vinho.


Comentários

Sheila disse…
Eliete e Roger? Sei...

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