O dia em que Uruguaiana foi bombardeada

É só o começo. Onde será que vai dar isso?

Foi então que os argentinos decidiram bombardear Uruguaiana. Caçavam um traidor, que se refugiara perto da fronteira. Um maldito traidor, que surrupiara a composição de um tango e a entregara a um grupo uruguaio, que o lançou e o transformou em sucesso mundial. Aviões da Argentina avançaram poucos quilômetros em território gaúcho e dizimaram o acampamento, localizado em ponto remoto das terras de um latifundiário, que sequer sabia da presença de fugitivos do país vizinho em seus campos.
A atitude dos hermanos, porém, conseguiu o que parecia impossível: uniu em um mesmo protesto chimangos e maragatos, que ameaçaram marchar em fileira sobre o território inimigo, como forma de retaliação. O amistoso marcado em Uruguaiana entre as seleções amadoras locais de Brasil e Argentina para celebrar o aniversário das duas cidades-irmãs da fronteira, havia sido cancelado.
Se vivo estivesse, mesmo distante de seus pagos, Leonel Brizola certamente mobilizaria a população, assim como na Legalidade, para se reunir junto à fronteira e contra-atacar ao inimigo que ‘debochara da soberania do nosso país, e o que é pior, desrespeitara o Rio Grande”. E nos dias de hoje, sem o Brizola, quem faria isso diante da invasão dos argentinos? Quem os peitaria e os colocaria a correr?
Foi então que todos se reuniram no Palácio Piratini. Com a circunspecta governadora presente, olhar sério, mas sem perder o foco.


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